Tiziu suburbano em: O transporte público

Para andar em transportes públicos são necessários anos de experiência. É mais que um dom, é uma arte. Quem consegue sobreviver a essa franquia do inferno está preparado para enfrentar qualquer tipo de situação em qualquer lugar. É onde se aprende a ter boa memória e observação, dissimular e ter malandragem. Características que, com a seleção natural das espécies, se tornaram primordiais para a sobrevivência do homo urbanus sifodizis ou suburbano.

Ao fazer uma viagem de longa duração em um ônibus, o que primeiro se deve fazer é observar os passageiros que estão sentados (sim, você vai pegar o ônibus em pé a não ser que seja vizinho do baú de Dave Jones e das botas do Judas, ou seja, no ponto final e longe pra c&%@#$). Dependendo de como estão dispostos é possível tentar prever quem será o primeiro a descer. Definitivamente, não pare ao lado de quem dorme como se não houvesse amanhã. Mesmo que não acerte quem vão ser os primeiros a deixar ônibus, tente gravar a cara deles para que no dia seguinte marcar a fileira onde estavam sentados.

Dissimulação, tão importante para manter as relações sociais, pode ser aprendida ou exercitada em transportes públicos. É digno de Oscar fingir que não vê aquelas velhinas no metrô da Zona Sul do Rio com a cara completamente esticada parecendo um cyborg, ou os caras que entram no vagão de óculos escuros ( O_O ) ou fazer de conta que não se incomoda com a gorda cheia de sacolas que senta ao seu lado (na boa, desculpe a sinceridade, mas ninguém gosta de obesos espaçosos no transporte coletivo).

Por fim, o ônibus é o único lugar que se pode usar o preconceito racial como benefício. Se você é negão, experimente sentar no banco mais próximo da janela na última fileira de bancos. Repare que dificilmente alguém vai se sentar ao seu lado. Alguns vão preferir ficar de pé. Com o espaço sobrando ao lado, dá pra viajar de modo bem mais confortável. Funciona melhor ainda se outro cara negro senta no banco do meio dessa última fileira. Ninguém vai querer sentar entre dois negros na última fila de um coletivo, principalmente se o ponto final dele for Jardim Catarina. (hehehe)

Sobre Alexandre Costa

Fã de animes, mangás, e dos quadrinhos e cartoons americanos. Gosto tanto de desenhos japoneses que eles são meu objeto de estudo na faculdade. Sou o tipo do cara que conta os dias pra Rio Comicon. hehehe.

Publicado em 16/04/2012, em Sem categoria. Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.

  1. Não sei aonde você mora, mas aqui em Porto Alegre é exatamente isso o que acontece na questão da negritude. E não precisa se sentar no fundo, se tiver mais opções vagas no ônibus o banco em que o preto está sentando independente de ser no fundo, no meio do coletivo… tanto faz. É SEMPRE A ULTIMA OPÇÃO. Já viajei várias vezes com o ônibus cheio e meu lado no coletivo vago. Sou um cara bonito me visto bem gosto de andar cheiroso, no fino trato. Mas a melanina fala mais alto na cabeça dos ignorantes. Tem gente burra em todos os lugares. E além de não sentar no seu lado ficam te encarando, eu encaro também, eles viram a cara pro lado com certo receio. O BRASIL É UM PAÍS EXTREMAMENTE RACISTA, AINDA MAIS ESSES GAÚCHOS NAZISTAS. Tenho nojo desse estado ”TERRA RUIM”…

    • Edson, obrigado por ler o Tiziu Suburbano e o objetivo do blog e fazer graça com esse tipo de situação e com o preconceito das pessoas como forma de protesto. A propósito, sou do Rio de Janeiro.

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